sexta-feira, 25 de junho de 2010

Fui contigo

Perdoa-me. Perdoa-me pelas vezes que fui mau, não tens que agradecer as vezes que te ajudei, não tens que agradecer as vezes que estive contigo, não tens que pedir desculpa pelas vezes que foste má. Afinal, não podes.

Hoje, acordei, quero dizer, levantei-me, porque não preguei olho toda a noite, e fui tomar um banho, não sei o que escorria mais, se era a água do choveiro ou eu. Não tomei o pequeno almoço, não tinha fome, vesti-me, e fui embora, comprei umas flores brancas, e lá fui eu. Quando entrei, senti um aperto no coração que parecia que ia rebentar, mas continuei a andar. Ouvi gritos, e via a tua mãe ajoelhada, a gritar agarrada ao teu caixão. Fui lá ter, ficaram todos a olhar para mim, estava de branco, tal como tu sempre me tinhas pedido, era o que tu querias, que quando morresses pelo menos uma pessoa fosse de branco, e escolheste-me a mim. Todos ficaram chocados, mas rapidamente esqueceram, havia coisas mais chocantes por lá. Começaram a enterrar-te, eu estava parado, a olhar para o vazio, quando dei por mim, já não lá estva ninguém, só a tua mãe, continuava a chorar, ajoeilhada, a olhar para a tua fotografia. Eu pus as tuas flores para um jarro e a única coisa que disse foi obrigado. Fui-me embora, não me escorria uma única lágrima, acho que já as tinha gasto todas, e sei, que se foste, foi por uma razão, porque secalhar fazes falta noutro sítio, pensar assim fez-me sentir melhor. Não vou chorar mais, mas nunca mais vou ser feliz, tu foste com o mar, a minha felicidade foi contigo.

2 comentários: