sábado, 19 de junho de 2010

Paraíso

Não sei onde estou, mas é lindo, sabe tão bem, sinto que estou no paraíso, sinto que morri e que estou no céu, sinto que é aqui que devo estar, sinto que este é o meu lugar, não vejo um único carro a poluir o ar, não vejo um prédio a tapar o calor do sol, não vejo uma estrada a estragar um habitat, não ouço um som de um toque no telemóvel, não ouço gritos, guinchos, o que vejo é relva, uma cascata, centenas de árvores, e o Sol a bater exactamente contra mim, um calor intenso, como uma mãe a acariciar um filho, o céu está azul, e a única coisa que o tapa são os pássaros, nada de aviões, nada de avionetas, só coisas da natureza, e sei, e sinto que a única coisa que lá está que pode estragar aquilo tudo, sou eu, mas não farei nada para que aquilo deixe de ser como é. Sei que este sitio não é real, sei que isto é um sonho e sei que quando acordar e abrir os estoires, vou ver carros, arranha céus, aviões, gritos, guinchos, musica de telemóveis, e não vou ver o sol, porque estará qualquer coisa a tapá-lo, como habitual. Sei que agora não há volta a dar, sei que o mal que este mundo está a sofrer já está feito, sei que até ao fim, vou viver num mundo assim, mas continuo-o a sonhar com aquele sítio, todos os dias, afinal, posso sonhar não posso?

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